Blog de assuntos científicos diversos

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domingo, 14 de setembro de 2008

GRAVIDADE


A gravidade, assim como o espaço, está em toda a parte, assim como o tempo, não pode ser eliminada. Outras forças naturais: como a eletricidade, o magnetismo podem ser blindados, mas a gravidade não, ela atravessa todos os materiais, afeta igualmente toda a matéria.

Como ela está sempre presente dificilmente temos consciência da dura batalha que travamos com a mesma. “Desde que nascemos ora a gravidade está contra o que fazemos, ora ela nos apóia”. Quando demos os primeiros passos; quando aprendemos a andar de bicicleta, ela nos derrubou diversas vezes; quando levantamos da cama, tarefa às vezes bastante difícil; quando fizemos exercícios na barra horizontal, agachamento, flexões; quando chutamos uma bola; subimos uma escada; escalamos uma montanha; erguemos uma parede; penduramos um quadro; hasteamos uma bandeira; enfim quando levantamos o que está em baixo e abaixamos o que está no alto.

O universo é moldado pela gravidade, ela determina a forma das estrelas, galáxias, as órbitas dos planetas, a expansão do universo, o formato esférico da terra, ela impulsiona os rios, os cursos de água, atrai a chuva das nuvens, aplaina a superfície oceânica, luta contra a fúria dos vulcões, onde surgem as montanhas dando forma a superfície do planeta. A gravidade age como princípio inibidor, organizador, direcionador da natureza.

Já ouviste a frase “mantenha os pés no chão”, graças à gravidade, isso é possível.

domingo, 7 de setembro de 2008

PERTURBAÇÃO NO MERCADO


No mercado da física matemática, os produtos da barraca determinista estavam expostos. A natureza obedece a um conjunto relativamente pequeno de leis fundamentais. As leis são equações diferenciais, e nós as conhecemos. Dado o estado de qualquer sistema natural num tempo dado, e conhecendo as leis, em principio todo movimento futuro é determinado de maneira única. Na pratica, em muitos casos as equações podem ser resolvidas. Ventos e ondas, sinos e assobios, o movimento da lua.

Se o dono da barraca pudesse ver o futuro, ficaria atônito com as maravilhas tecnológicas que emanariam de seus produtos. Rádio, televisão, eletrônica. Automóveis. Telefone. Radar. Jumbos. Relógios. Computadores. Aspiradores a vácuo. Maquinas de lavar. Fones de ouvido. Pontes pênseis. Sintetizadores. Asas-delta. Satélites de comunicação. Discos laser. E para não ser parcial: Metralhadoras, tanques, minas, mísseis cruise, ogivas nucleares, MIRV, e poluição. Não subestimemos o efeito do paradigma determinístico clássico da física matemática sobre a nossa sociedade.

Mas não nos iludamos. A tecnologia é nossa própria criação. Nela o que fazemos não é tanto entender o universo como construir minúsculos universos que nos são próprios, tão simples que podemos levá-los a fazer o que queremos. Tudo o que a tecnologia visa é produzir um efeito controlado sobre determinadas circunstâncias. Fazemos nossas máquinas de modo a que elas se comportem deterministicamente. A tecnologia cria sistemas a que o paradigma clássico se aplica. Não imporá que não possamos resolver as equações referentes ao movimento do Sistema Solar – não construímos nenhuma máquina cuja operação dependa da posse dessas respostas.

O dono da barraca lustra suas novas e reluzentes equações,cego a esses problemas, e sonha com um futuro radioso. Os fregueses se juntam a sua volta, fazendo alarido, pechinchando.

Mas que é aquilo? Outra barraca? Não há necessidade de outra barraca. O pessoal da prefeitura deve estar louco por pemitir que esse bando esfarrapado se instale no mercado! E o que estão vendendo?

Dados?

Ouçam, se vocês vão permitir o jogo de dados no mercado, este lugar vai virar uma...

Mas não! Não vieram bancar jogo. Que mais tem para vender nessa barraca?

Seguro de vida? A eficácia da prece? A estatura dos seres humanos? O tamanho dos caranguejos? Pétalas de botão-de-ouro? A freqüência de pobres por casamento promovido pela assistência social? A taxa de divórcio?

Só falta agora uma bola de cristal. O mercado já foi para o beleléu. E diz-se que isto é um mercado científico. Pode semelhante disparate ser ciência?

Ah, pode.


Stewart, I. Será que Deus Joga Dados?, Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor, 1990.